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Tenho uma doença crónica. Nâo é nada de grave e não tenho dores. Mas é uma doença crónica, que vou ter para o resto da vida. Segundo o meu médico de família é uma doença chique. Tenho uma trombocitose essencial De repente, um gene passou-se e começou numa produção desenfreada de plaquetas. E estaria tudo ok, se isso não desse para ter tromboses e coisas do género. E a hematologista não sabe o porquê do gene ter ficado marado... Simplesmente ficou.(Ainda segundo o meu médico, se tem essencial no nome é porque não sabem as causas).

Tenho uma doença crónica. Não é nada de grave e não tenho dores. Mas é uma doença crónica e tenho que tomar medicamentos para o resto da vida. Um antiagregante e um imunossupressor. Comprimidos e injecções. Três vezes por semana. Tive que aprender a "injectar-me". Dou picas a mim própria. E foi o que mais me custou. De um dia para o outro, eu, que tinha (e ainda tenho) um certo medo de agulhas, tive que aprender a lidar com elas.

Tenho uma doença crónica. Não é nada de grave e não tenho dores. Mas é uma doença crónica e, por vezes, ainda me rebelo contra ela. Pergunto, porquê a mim? Eu era tão saudável, nunca estava doente, nem tomava remédios e agora ando sempre com os comprimidos atrás.

Tenho uma doença crónica. Não é nada e grave e não tenho dores. Mas é uma doença crónica e como vou tê-la para o resto da vida, decidi escrevê-la para enterrarmos o machado de guerra e fazermos as pazes uma com a outra.